segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Um movimento que expressa a Magia do Lugar

 Em sua vertente artística, o Movimento Piaga reflete muitas das características comuns às identidades nordestina e piauiense, constituindo uma legítima forma de arte pagã, folclórica.

A palavra Pagã deriva do latim paganus e significa pessoa do pagus, ou seja, pessoa do campo. Um pagão é, deste modo, uma pessoa que conserva as tradições ancestrais e politeístas do campo. Particularmente, interpreto o termo pagão como “pessoa do lugar”, alguém que conserva as tradições do seu território de origem e da sua etnia. Considerando isso, os pagãos piagas – em suas manifestações artísticas– buscam preservar boa parte do legado artístico ancestral da região, agregando os saberes dos indígenas, dos europeus, dos africanos e de outros povos que contribuíram na formação cultural da região.

O Movimento Artístico Piaga não surge como uma “tábula rasa” ou “folha em branco”, ou seja, não surge como uma produção que é adotada na contemporaneidade isolada de um legado ancestral. Ao contrário disso, as produções deste movimento se afastam dos ideais da arte disruptiva contemporânea e buscam uma aproximação com as possibilidades de aproximar o homem da espiritualidade, da ancestralidade e da natureza. 

Nesta busca, as obras de arte piaga são produzidas a partir de matérias-primas comuns à região, como a palha, o couro, os papéis, os tecidos, a madeira e a argila, valorizando saberes ancestrais.

Além de prezar pelos modos de produção, técnicas e matérias primas regionais, o movimento piaga também busca a valorização identitária através da representação de mitos, personagens, história, paisagens e cenas do cotidiano local.

Pintura "Festa do Sol entre os Caneleiros", de Rafael Nolêto (2022)



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